domingo, 23 de agosto de 2009

Casamento, o que é isto???

E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. (Gênesis 2 : 23)

A cada dia que passa, tenho entendido que o conceito de casamento como combinação harmoniosa de duas ou mais coisas está se perdendo, por isso tanta irrelevância com estas uniões. Adão realmente entendeu o que seria casar, pois reconheceu que a mulher não era uma intrusa que faz-se necessário ao homem, mas carne de sua carne e ossos dos seus ossos. A queda humana atingiu em cheio este ato, pois ao longo dos anos, o casamento tem se dado por diversos motivos, como interesses econômicos, religiosos e culturais, e quase nunca por amor.
Um dos primeiros casamentos descritos na Bíblia, foi o de Isaque, no texto a seguir podemos ver a simplicidade que se deu;

E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe. (Gênesis 24 : 67)

Belo não é??? Um homem encontra uma mulher, e ambos unem-se como um par de engrenagens, que apesar de não perder suas identidades, formam um sistema que alimenta um todo, e o côncavo vai se encaixando no convexo, um apoiando o outro. Hoje esta visão está tão desgastada, que tem-se harmonizado conceitos em que desavenças são normais e o ideal da perfeição relacional, viabilizada pela capacidade humana de racionalmente conviver em paz, foi descartado.
Ao longo dos anos, com as mudanças sócio-culturais, o casamento foi ganhando ritos religiosos, alterando as idades que os noivos decidiam casar-se ( nos dias de Jesus muitos casavam aos 13 anos) e consequentemente suas motivações interiores, mas infelizmente muitas destas não vieram para melhor. Quanto ao rito religioso, cada dia está ficando mais vazio, casais fazem promessas sem nenhum compromisso e o rito passou a ser o fim, ao invés da busca de uma união pelos princípios divinos. Quando falo de princípios divinos, não quero falar de leis religiosas, até porque são bem diferentes. Divino é amar, respeitar-se, entender as limitações, dar suporte, e conviver com a certeza que o todo não funciona bem se parte do sistema vai mal, religioso é seguir uma regra por norma social, sem nem se questionar de sua origem e motivações. Não tenho nada contra os ritos (religiosos), até porque fazem parte de uma cultura e o próprio Jesus nas bodas de Caná, demonstrou que não são eles o mal, e sim quando deles fazemos um fim e não um meio para reforçar a importância de DEUS em cada relação. Deixo claro que para mim o casamento de Cana (Jo.2.1) não foi mais válido que o de Isaque, em ambos o ONIPRESENTE estava presente.
Como falei anteriormente, na cultura judaica jovens casavam-se com 13 anos de idade, algo ilógico para nosso contexto de vida, pois pelas condições econômicas, no Brasil está sendo elevada esta idade (para casar). É muito comum neste país, antes de casar os noivos primeiro buscarem estabilidade financeira, mas como poucos podem adquiri-la com menos de 25 anos de idade, vai se adiando o casamento, para que tal ritual não vire carga (algum responsável banque os festejos).
Percebo que alguns jovens vivenciando tal condição sócio-econômica, viram uns “bebezões” na casa dos pais, levam uma vida sexual semelhante a de quem é casado, já que são tolerados avanços de intimidades com seu parceiro, e ambos terminam por não mais direcionar tal relacionamento para um compromisso mais sério (se acomodam). Isso para não falar que vão ficando uns com os outros só pelo prazer, impulsionados pela natural necessidade entre seres de uma mesma espécie de relacionar-se, não sendo criado laços de compromisso mais fortes ou condição para o amadurecimento humano no campo relacional. O problema é que tais jovens chegam ao momento em que consegue suprir a lacuna da estabilidade financeira, mas termina por manter tal “união” sem compromisso, afinal para que aumentar a responsabilidade com o outro se podem apenas curtir a vida? Neste ponto, casar-se vira carga, e a cultura da individualidade reina, ficando mais interessante ser um eterno Peter Pan. Fica a questão, em que princípios estão sendo alicerçadas essas uniões???
Relacionamentos fazem parte do plano divino, posto que amadurecem as pessoas, mas qual destes Peter Pan´s quer sofrer com o outro, dividir as responsabilidades, ser honesto (não traindo), se expor ou expor seus sonhos? Certamente está cada dia mais difícil nesta versão moderna de seres humanos, de encontraremos homens e mulheres maduros (de fibra), pois não desejam para si tais incumbências, já que a liberdade de viver só para satisfazer-se, parece a melhor posição em determinados momentos da vida.
Casamento não são dois que se fazem um, já que não foi concebido para anular ninguém, mas dois que mantém-se dois, porém sincronizados como um só, exatamente como uma só carne.
Minha intenção é que a simples reflexão das palavras acima, seja instrumento gerador de consciência em todos aqueles que desejam se relacionar com seriedade, não sendo iludidos pelas promessas enganosas dos Peter Pan´s, e assim evitando futuras frustrações. Que a essência do conceito de casamento seja retomado, e a alegria de ser suporte e suportado por alguém, brilhe na vida de quem quer se relacionar com responsabilidade.


Nele que fez a mulher para complementar o homem (e vice-versa),


Ferdinando Cabral
19/07/2009

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