sábado, 19 de junho de 2010

Misericórdia ou omissão divina

Quando era pequeno, muitas vezes ouvi falar que se fizéssemos algo errado, AQUELE que tudo via nos castigaria. Para muitos a coisa já acontecia on-line, errava hoje e os pagamentos por tais falhas vinham logo em seguida, era a tão falada “justiça divina”.
Escutei essa cantiga tanto na igreja evangélica, como na católica, onde na época me filiei por tradição, seguindo a religião de meus pais.
Não é incomum observarmos ao longo da história, que na maioria das religiões, os líderes para manter seu grupo coeso, pegam acontecimentos que nos fazem sofrer em nosso cotidiano, e os liga as faltas cometidas em relação as leis “religiosas”. Digo leis “religiosas”, pois muitas destas, pouco tem haver com o que realmente DEUS nos deixou como princípio ou lei.
São séculos de opressão psicológica e culpa atrás de culpa, todas com roupagens que impedem muitos de verem o males decorrentes desta linha equivocada, que se baseia na coesão por via do medo.
Não estou querendo dizer que DEUS está passivo aos males humanos, apenas friso que a justiça dele se processa de maneira diferente daquilo que os “religiosos” pensam.
Acredito que a Bíblia em seus conceitos (não na sua literalidade), é palavra revelada por DEUS, por isso é possível verificarmos na vida as suas verdades. Quando nos distanciamos daquilo que nos foi revelado como bom, nela, apenas nos sobram as maldições, e essas não são como os religiosos pregam (castigo imediato e contabilizado), mas como conseqüência de nossas atitudes desalinhadas com o projeto divino.
Quando DEUS nos dá como princípio “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. (Provérbios 15 : 1)”, se não atentarmos para seu conselho, podemos pagar (por vezes de imediato) um preço muito alto. Digo podemos, porque a grande maioria de nossos erros não traz uma punição divina imediata, nem muito menos a garantia de que vamos pagá-las na mesma proporção por eles, a sua graça já demonstra isso. Assim, nada de pensar que DEUS vai mandar um castigo sobre todos aqueles que venham a fazer mal a um de seus filhos, a história dos apóstolos comprova isso, pois há relatos de maus tratos e seus responsáveis ficam normalmente ilesos aos nossos olhos.
Isso não se dá porque DEUS é omisso, injusto, partidarista ou está desatento, mas sim pela misericórdia que se renova a cada manhã, e se assim não fosse, cairiam raios constantemente sobre cada um de nós nos consumindo, afinal todos erramos e não daria para usar dois pesos e duas medidas, para os “bons” e os “maus”, afinal quem são os maus??? Por isso não há espaço para julgarmos ninguém, visto que nesta vida todos somos indesculpáveis.
Quando entendemos as conseqüências da morte e ressurreição de Jesus, passamos a vislumbrar a dimensão do amor do PAI por nós, ficando latente a sua misericórdia, do contrário misericórdia vira omissão.
Embora seja mais fácil manter pessoas em uma mesma ideologia por meio do medo e da culpa, tal atitude não é correta, posto que Jesus fez e faz com que pessoas se sintam constrangidas em amor, e assim façam como Zaqueu, que buscou um novo caminhar.
Infelizmente a maioria das mensagens cristãs são realizadas por lideres despreparados e desconhecedores desta dimensão, ainda pregando o medo, a culpa e distantes estão da graça divina, por isso mensagens tão pobres e um povo tão desconhecedor de DEUS como um PAI.
Mensagens que não anunciam esta misericórdia, dificilmente terão identificação com o Cristo, e distante está de fazer o bem ao homem. Esta verdade não nos chama a libertinagem, mas sim a gratidão que nos move em amor a um novo caminhar, visto que DEUS é pai, e um dia usará de sua justiça, seja nesta vida ou na do por vir.

Um forte abraço a todos, Nele que nos chama a consciência de sua misericórdia com o fim de nos transformar,
Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas benignidades, porque são desde a eternidade. (Salmos 25 : 6)

Ferdinando
Recife/PE, 13 de junho de 2010

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